O Reino em Movimento: A Voz do Deserto

Série: O Reino em Movimento

Mensagem: A Voz do Deserto

Texto Base: Mc. 1:1-8

Pregador: Pr. Carlos Marques (Cacau)

Data: 14/06/2015

Créditos: Música Final – Eu Jamais Serei o Mesmo (Diante do Trono)

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Humildade e Oração

Por Cacau Marques

“Senhor, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com coisas grandiosas nem maravilhosas demais para mim. De fato, acalmei e tranquilizei a minha alma. Sou como uma criança recém-amamentada por sua mãe; a minha alma é como essa criança. Ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, desde agora e para sempre!
Salmos 131:1-3

O Salmo 131 destaca um elemento bastante presente nas páginas da Bí­blia e estranhamente ausente dos púlpitos das igrejas contemporâneas: a relação entre humildade e Oração. As conquistas humanas das últimas décadas encheram nosso coração de soberba. Acreditamos que não haja problema algum que não possamos solucionar com nossa inteligência, força e tecnologia. Para cada dificuldade do cotidiano surgem diversos programas de computador, aparelhos eletrônicos e técnicas cientí­ficas que prometem facilitar a nossa vida.

Isso não é um problema, muito menos um pecado. Todos nós usufruí­mos dos avanços tecnológicos e celebramos as conquistas da ciência. Mas o deslumbramento causado pela confiança excessiva no progresso humano frequentemente nos engana, passando uma imagem de onipotência do homem que está longe de ser verdadeira. O homem frequentemente se esquece de seus limites. E, pior, muitas vezes só se lembra desses limites quando encara uma situação para a qual não tem a solução.

Muitos se voltam pra Deus nesse momento, no momento em que a esperança em suas próprias forças transforma-se em desespero completo. Aí­ pode já ser tarde. Ainda que para o Eterno Deus nunca seja “tarde demais”, o tempo de vida gasto no orgulho pode já ter deixado marcas ou consequências dolorosas.

Diante disso, o salmista recomenda outra atitude: a de criança no colo da mãe. Humildemente reconhecemos que somos dependentes do esforço materno de nos nutrir. Não temos coração orgulhoso ou olhos arrogantes, mas uma alma descansada, humilde e grata no colo de nosso Deus. Cumprimos assim o mandamento de Pedro que diz “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido. Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês” (1 Pe 5:5b-7). Descansamos porque nos humilhamos. Confiamos porque reconhecemos que não somos capazes de alcançar a felicidade e a paz por nós mesmos.

Assim deve ser nossa oração. Quando nos aproximamos de Deus para pedir algo, não vamos como um trabalhador que quer sacar seu benefí­cio na boca do caixa. Vamos como uma criança que é amamentada e que sabe que á amamentada por uma mãe amorosa. Vamos confiantes na misericórdia e Graça, humildes diante do Deus que “dá de graça todas as coisas” (Rm. 8:32). Por isso nos ajoelhamos para orar. Não porque o gesto fará nossa oração maior, mas porque ela nos lembrará de que somos menores.

A Polí­tica da Encarnação

Por Cacau Marques

Em sua epí­stola aos filipenses, o apóstolo Paulo brinda a humanidade com uma das mais profundas afirmações sobre a vinda de Cristo ao mundo: “[Cristo Jesus] embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens”. O propósito dessa mensagem, porém, não é nos contar o que acontecia no céu antes de Jesus descer. O objetivo de Paulo está evidente no iní­cio do parágrafo quando afirma: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus”.

O esvaziar-se é uma ordem dada a nós nesse texto. Obedecê-la é seguir o modelo de Cristo. Mas o texto parece confuso. Eu não sou Deus para não julgar que devo ser igual a Ele. Também não preciso tornar-me semelhante aos homens, já que sou homem. Como uma afirmação cristológica tão essencial se aplica í  minha vida? A resposta para isso aparece um pouco antes ainda, no versí­culo 4: “Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.”

Aqui encontramos o princí­pio mestre da atuação da Igreja no mundo. Cada crente deve cuidar dos interesses dos outros, porque foi isso que Jesus Cristo fez. A Igreja não vive para si, não busca o enriquecimento material, o poder temporal ou o crescimento numérico. Ela busca o interesse dos outros, o cuidado com o bem estar do outro. Mesmo que não tenha ouro nem prata, ela oferece o próprio Cristo, pois é o que tem de melhor.

Assim, toda atuação da Igreja no mundo deve ser vista por essa ótica, por seguir o kenosis (esvaziamento) de Cristo por amor do outro. Essa é a razão pela qual o crente não pode se furtar a participar da busca por justiça social, ética polí­tica, pacificação urbana. Sua postura não pode ser egoí­sta, enchendo-se das promessas celestiais, apegando-se ao direito que temos de estar com Deus após a vida. A ética da encarnação cobra que eu, enquanto corpo de Cristo, me esvazie disso pelo bem do interesse do outro.

Mas a ética da encarnação ainda nos propõe outra verdade. É que o Verbo encarnado tomou forma humana, mas manteve a expressão da glória de unigênito do Deus Pai, como escreveu o apóstolo João. Da mesma forma, a atuação da Igreja no mundo deve expressar sua filiação em relação a Deus. Ela não atua no mundo pelos mesmos métodos dos partidos polí­ticos, das ONGs, ou de um grupo de guerrilheiros. Ela deve carregar o padrão divino de atuação, mantendo seu compromisso com o amor e com a verdade.

Assim, a Igreja não deve apelar para as mentiras eleitoreiras, acusações levianas, ou demonização de polí­ticos. Não deve comprar favores com bênçãos ou extorqui-los com ameaças escatológicas. Não pode impor sua vontade pela força, nem condenar a liberdade de expressão. Antes, ela deve voltar-se para as vozes dos que não são ouvidos, uma vez que Deus as ouve todos os dias.

Que tenhamos a atitude de Igreja de Cristo, que sendo herdeira de Deus não pensa que o morar com Deus seja algo a que deve apegar-se, antes, esvazia-se dos interesses individuais vindo a ser serva. E todos verão a sua Glória, Glória como dos filhos de Deus.

A obra consumada de Cristo – Todos Pecaram

Série: A Obra Consumada de Cristo

Mensagem: Todos Pecaram

Texto Base: Rm 3: 9-18,23

Pregador: Seminarista Carlos Marques (Cacau)

Data: 13/11/2011

Créditos: Video Comercial Coca-Cola – “Razões para acreditar. Os bons são maioria”

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Assista o Video: Razões para acreditar. Os bons são maioria

 

O Deus de

Mensagem: O Deus de

Texto Base: Ex 3: 1-16

Pregador: Pr. Luciano R. Peterlevitz

Data: 06/11/2011

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ESBOÇO DA MENSAGEM

Êxodo 3 é um texto que descreve a auto-apresentação de Deus para Moisés. Mas como Ele se apresenta? Ora, Deus é o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, o Deus do pai de Moisés, o Deus de Moisés. Deus é o Deus dos hebreus. Deus é o Deus de. Vejamos.

O Deus de: é o Deus que se vincula a alguém (v.1-6)

V.1: “monte de Deus, o Horebe”. O Horebe é outro nome do Sinai. No Antigo Testamento Deus se manifesta no monte Sinai: Ex 19-20 (dez mandamentos); 1Rs 19 (lugar de refúgio de Elias na hora da perseguição). Deus manifesta-se num lugar santo, na sarça ardente. Mas a ação do Senhor não se restringe a esse lugar. Pois Deus não se vincula a um lugar; Ele se vincula í s pessoas.

 

Deus é o Deus que caminha com as pessoas

Deus está no meio da sarça ardente, mas ao mesmo tempo Ele está com as pessoas. Ele é o “Deus do teu pai”; é o Deus de Abraão, o Deus de Isaque; é o Deus de Jacó (v.6). O texto destaca a dinamicidade de Deus; Ele viaja com seu clã. Deus está com um grupo. Veja Gn 12-25. Deus esteve com Abraão com ele saiu de Harã rumo í  terra prometida.

Veja Gn 28.10-22 / compare com Gn 35.1-4. Deus esteve com Jacó quando ele saiu da terra prometida, e foi a Mesopotâmia, fugindo do seu irmão; Deus esteve com Jacó com ele saiu da Mesopotâmia e retornou í  terra prometida. O Deus de Jacó é o Deus de. É o Deus que caminha com as pessoas.

 

Deus é o Deus que se revela pessoalmente a cada um

Deus não se revela a uma multidão. Ele se revela a alguém, pessoalmente. Deus chama as pessoas pelo nome, e se revela a cada de forma diferente. Por isso Ele é o Deus de Abraão; o Deus de Isaque; o Deus de Jacó; o Deus de Moisés; o Deus do pai de Moisés.

Assim, surge a inevitável pergunta: cada um de nós temos, pessoalmente, um relacionamento com Deus?

 

O Deus de: é o Deus que se auto-limita por amor

Deus é Poderoso. Mas Ele se auto-limita. Ele se identifica com as pessoas. Ele é o Deus do teu pai; o Deus de Abrão, Isaque, o Deus de Jacó. Deus não se envergonha de ser chamado o Deus dessa gente (Hb 11.16).

Existe uma maneira de Deus se apresentar: ele pode se manifestar como o Deus criador dos céus e da terra. Mas aqui em Êxodo 3 Ele se apresenta como o Deus de. É o Deus dos hebreus, dos escravos (3.18). Deus se auto-denomina como o Deus dos escravos! Quer maior auto-limitação do que essa? Ele é o Deus que se identifica com os escravos para libertar os escravos. No livro do Êxodo, Deus sempre se apresenta como “Eu sou o Senhor que te liberta” (veja 6.6; 20.2).

O Deus a-histórico entra na história, e participa da história daquela gente oprimida. Ao entrar na história, Deus se auto-limita. Só um Deus como o nosso Deus pode limitar-se, e continuar sendo o Deus Poderoso. Isso se evidencia nos v.7-22. O Deus de é o Deus que desce (v.7-22)

No v.7 há duas frases.

Realmente eu vi[1] a opressão[2] do meu povo que (está) no Egito,

e o clamor[3] deles eu ouvi diante das faces[4] dos seus opressores.

Na primeira frase destaca-se a expressão “realmente eu vi”, literalmente ” ver eu vi”. Deus vê cuidadosamente a “opressão”. É um ver que participa daquilo que vê. É um ver intenso, exato. Este é o ver de Deus. A ‘opressão’ é o rebaixamento fí­sico, humilhação. Este termo está relacionado aos “oprimidos”, “pobres”, tão defendidos pelos profetas (veja por exemplo Am 2,6-8; Is 3,13-15!), pela lei (veja Êx 22,20 até 23,1-9). Deus é o Deus que contempla essa gente e participa das dores dessa gente.

Na segunda frase do v.7, o destaque é o “clamor”. Os escravos estão gritando “diante das faces dos seus opressores”, mas quem ouve os seus gritos é Senhor. Portanto, o “clamor” não é um grito passivo, incapaz de produzir efeito, antes, é um som ativo, que percorre um caminho bem especifico: um caminho que leva í  libertação.

No v.8 há o detalhamento do ‘ver’ do v.7:

Eu desci para livrá-lo da mão do Egito,

e fazê-lo subir desta terra para a terra boa e vasta…

Há, no v.8, dois verbos: “descer” e “subir”. “Eu desci”, diz o Senhor. No caso, o Senhor desceu í  terra da escravidão. O segundo verbo alude a Israel. Os escravos sobem para a terra boa e vasta porque Deus desceu para a terra da opressão.

Ou seja, o Senhor vai onde o povo oprimido está. Essa linguagem teológica aproxima-se da última afirmativa de 2,25: “conheceu/experimento Deus (os sofrimentos dos hebreus)”.

Deus desce í  opressão; os escravos sobem í  terra da promessa. Isso é um anúncio da cruz. É uma antecipação do que Cristo faria. Pois Cristo desceu í  opressão, tomou nossas dores, participou dos nossos sofrimentos, para fazer-nos subir aos lugares celestiais. Veja Ef 1.3.

No v.9 a direção é invertida. Se no v.8 Deus ‘desceu’, agora é o ‘clamor’ que sobe a Deus:

E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel veio para mim,

e especialmente[5] eu vi a opressão com que os egí­pcios os estão oprimindo.

O ‘clamor’ sobe a Deus e então Ele passa a ‘ver’. Portanto, o Deus de é o Deus que desce. E o clamor sobe! É um povo que clama, e quer ser ouvido. É o Deus que ouve, desce e vê, porque decide-se ouvir, descer e ver. Deus quer ouvir. O povo quer ser ouvido. Essa é a reciprocidade da oração.

É nesse cenário que Deus revela seu o nome (v.13-14). Ele é o “Eu sou o que Sou”, ou melhor, Ele é o Deus que acontece e que faz a história acontecer. É o Deus que age na história dos escravos e liberta-os da escravidão. Esse é o sentido do nome sagrado nesses v.13-14.

Nos v.15-16 o nome e a ação de Deus são melhor explicados:

15 E continuou falando Deus para Moisés: Assim dirás para aos filhos de Israel: Javé, o Deus dos vossos pais, o Deus de Abraão, Deus de Isaque, e o Deus de Jacó enviou-me para vós. Este é o meu nome para sempre, e este é o meu memorial de geração em geração.

16 Vá e reúna os anciãos de Israel, E dirás para eles: Javé, o Deus dos vossos pais, apareceu[6] para mim, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, Dizendo: Realmente vos visitei e (tenho) agido[7] para vós (a favor de vós) no Egito.

Deus é “o Deus dos vossos pais”; esse é o seu “nome” (v.15). O Senhor é o Deus de.

Mas, no v.16, Deus se revela mais apropriadamente como o Deus Libertador: “Javé o Deus dos vossos pais apareceu para mim”. Importa que o Deus dos pais apareceu “para mim” (para Moisés).

As duas últimas frases do v.16 são significativas. A primeira frase: “realmente vos visitei”. O verbo “˜visitar”™ lembra a ação do ‘Deus dos pais’ (Veja Gn 21!). Mas a última frase refere-se especificamente o êxodo: “e (tenho) agido para vós (a favor de vós) no Egito”.

Portanto, Deus é o Deus que está na sarça ardente, na ‘terra santa’, mas é principalmente o Deus que está “no Egito”. Ele é o “Deus dos hebreus”, e vai ao encontro dos hebreus (veja Êx 3.18!). Assim, Deus é o ‘Deus de’.

No dizer de Jünger Moltmann, teólogo, ex-soldado e ex-prisioneiro da Segunda Guerra Mundial, o Deus cristão é o “Deus crucificado”. A teologia de Moltmann é muito interessante. Conhecida como a “teologia da esperança”, surgida a partir de sua experiência dolorosa de Moltmann como prisioneiro de guerra num campo de concentração na Inglaterra. Um repórter da revista Cristianismo Hoje perguntou ao teólogo: O senhor descobriu Cristo durante a última guerra. Em geral se consideram as experiências do mal como causas de afastamento de Deus. De que modo tais realidades podem aproximar-nos dele?

Resposta:

Aos 16 anos eu queria estudar matemática e a religião era muito distante do “˜laicismo“™ de minha casa. Em 1943 me alistei como soldado, e sobrevivi í  tempestade que destruiu Hamburgo com 40.000 mortos. Quando o amigo junto a mim foi dilacerado por uma bomba, por primeira vez clamei a Deus...

Uma das grandes questões para Moltmann não é “como falar de Deus após Auschwitz?”, mas “como não falar de Deus após Auschwitz?” (Auschwitz foi um campo de concentração ao sul da Polônia durante a segunda guerra mundial; estima-se que um milhão e meio de pessoas tenham morrido ali, principalmente judeus e ciganos). Para Moltmann, falar de Deus depois de Auschwitz foi fundamental, pois a esperança em Deus foi a única coisa que o capacitou a vencer os tormentos de um campo de concentração. Afinal, são os tormentos que nos levam a gritar por Deus.

Moltmann menciona a novela Demônios, de Dostoiévski, para afirmar que um Deus que não pode sofrer é mais desgraçado do que qualquer homem. Em El Dios crucificado, o teólogo afirma que um Deus que não pode chorar é porque não tem lágrimas; e um Deus que não pode sofrer, também não pode amar. Esse Deus é o Deus de Aristóteles, o Motor Imóvel, mas não é o Deus de Jesus Cristo.

Moltmann relata sua experiência no campo de concentração foi decisiva para sua compreensão de Deus:

Ali li a Bí­blia pela primeira vez. E me chegou a leitura dos salmos de lamentação. Li o Evangelho de Marcos e me encontrei com o grito de Jesus: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”. Soube prontamente:Aí­ há alguém que te compreende porque passou pela mesma situação sua e ainda pior. E quando, lentamente, fui entendo isso, pude exclamar em meu coração: Senhor meu e Deus meu” E por isso creio no Deus que compartilha nossa dor e sofre por nós e, desta maneira, nos dá nova certeza para viver…

Uma das grandes questões da teologia de Moltmann é: onde estava Deus, nos episódios de Auschwitz? Onde estava Deus quando os inocentes foram arrancados de suas casas, violentados, acorrentados, torturados e jogados naquele lugar frio, passando sede e fome? A essa pergunta, só existe uma única resposta: Deus estava lá, sofrendo com aquelas pessoas. Um Deus impassí­vel se tornaria um demônio. “É Deus em Auschiwitz e Auschiwitz em Deus crucificado”, diz Moltmann.

Só assim o Deus cristão pode ser compreendido. Deus é o Deus de Abraão, Deus de Isaque; o Deus de Jacó; o Deus de Moisés; o Deus do pai de Moisés; o Deus dos hebreus; o Deus de Auschiwitz.


[1] Literalmente: ” ver eu vi”, tradução do verbo ra”™ah no infinitivo absoluto, seguido pelo mesmo verbo conjugado na primeira pessoa do singular.

[2] Hebraico “™ani: opressão, aflição.

[3] Hebraico se”˜aqah: clamor, grito de socorro.

[4] Hebraico mippene: diante das faces.

[5] Hebraico gam: também; até. Mas pode significar “em especial”.

[6] Hebraico ra”™ah: “olhar”, no nifal perfeito.

[7] Hebraico “˜asah: verbo qal participativo passivo masculino singular.

Roupas Novas (Santificação)

Mensagem: Roupas Novas (Santificação)

Texto Base: Ef 4.17-24

Pregador: Pr Luciano R. Peterlevitz

Data: 09/10/2011

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ESBOÇO DA MENSAGEM

Introdução

Qual é a “˜roupa”™ apropriada para o ser humano? O próprio Cristo!

O que é santificação? É preciso entender a santificação em sua essência. Por que normalmente discutem-se coisas que essencialmente não tem haver com santificação (normalmente a santidade é interpretada em termos isolacionistas: ser santo é separar de pessoas “˜impuras”™ e tudo o que existe de “˜impuro”™ no mundo).

Santificação: o processo pelo qual nos tornamos parecidos com Jesus. A velha roupagem (velha natureza) vai sendo despida e uma nova roupagem (nova natureza) vai sendo implantada.

A velha roupagem: v.17-20

Os “˜gentios”™ estão num estado de corrupção: “˜pensamentos”™ e “˜entendimento”™ corrompidos; vivem na ignorância pela “˜dureza do seu coração”™; tornaram “˜insensí­veis”™, por isso, tem o desejo cada vez mais alimentado pela “˜impureza”™ (desejos de uma vida devassa).

Nesse estado, o ser humano não é ser humano. É bicho, ou até pior do que os bichos.

“˜Insensí­veis”™ (v.19): incapacidade de sentir dor. A insensibilidade amortece a consciência, e impede que sintamos as dores do pecado.

A insensibilidade faz o ser humano fazer coisas horrí­veis sem perceber que são horrí­veis.

A nova roupagem: v.20-24

A nova roupagem começa a ser implantada em nós quando a insensibilização é vencida.

O cristão em processo de santificação pode até pecar. Mas não consegue conviver com o pecado, a não ser que esteja imerso na dureza e insensibilidade dos gentios. Ver 1Jo 1.8-10.

V.20: “Não aprendestes assim a Cristo”. Não é aprender sobre Cristo. É aprender a Cristo. Veja o v.21. Ouvimos dele (Cristo) e fomos instruí­dos nele. Jesus é o Mestre e o conteúdo do ensino.

V.21-22: a nova roupagem. A nova humanidade recriada í  imagem e semelhança de Deus.

Uma imagem da nova roupagem é muito bem descrita em Ef 4.25-5.2. Como cristãos, todos nós estamos sujeitos a esses pecados. Mas o problema é quando nos acostumamos a eles.

Sl 32: exemplo de um homem piedoso que não conseguia conviver com o pecado.

Outra coisa: o “˜despojar”™ do velho homem e o “˜revestir-se”™ do novo homem é algo já consumado no passado, no momento de nossa conversão. Já temos as roupas novas. Mas o “˜renovar”™ a mente é algo que acontece num presente constante. A santidade é o processo pelo qual nos apropriamos diariamente da roupagem que recebemos no momento da conversão.

Você já recebeu as roupas novas. Que tal vesti-las?

Conclusão

A santificação evoca um novo andar: não se trata de “˜andar”™ como os gentios (4,17), mas se trata de “˜andar em amor”™ (5,2). Ser santo não é ser esquisito. Ser santo é ser como Cristo.

Veja Fl 4.8-9.

Deus tem uma roupa nova para você, superior a todas as marcas e grifes. Pois essa roupa é o próprio Cristo.

Êxodo – O livro dos Nomes

Texto Base: Ex 1.1-7

Pregador: Pr Luciano R. Peterlevitz

Data: 04/09/2011

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ESBOÇO DA MENSAGEM

O livro do Êxodo como êxodo ““ A libertação como Êxodo

O livro do Êxodo relata uma triste realidade: os hebreus sendo oprimidos. Mas o livro também descreve o poder de Deus em libertá-los.

Êxodo significa “saí­da”. Mas, no hebraico, o livro chama-se Nomes (1.1). Êxodo: ressalta o processo de libertação. Nomes: ressalta as identidades.

O livro do Êxodo como êxodo ““ A libertação como Êxodo

Êxodo. É a “˜saí­da”™ da terra da escravidão (Êx 1-15), a passagem pelo monte Sinai (Êx 19-40) em direção í  terra da promessa. Êxodo é o iní­cio da libertação. Mas a efetivação da libertação é a entrada na terra prometida: Ex 3.8 / Js 4.22-24; 5.1-12.

O Êxodo/páscoa: um jantar entre familiares; uma noite memorável. Veja Êx 12.

O êxodo é o rio de água viva que rega a história de Israel e da comunidade de Jesus. Tomar água no balde. Água acaba. Tomar água na fonte. Água inextinguí­vel. Assim é a teologia do êxodo: uma fonte inesgotável.

Os profetas viveram a memória do êxodo: Os (11.1); Is 40-55.

A experiência exodal se renova a cada dia: Sl 114.

Páscoa: Jesus como Cordeiro pascal. Observar a linguagem pascal no NT: 1Co 5.7; Jo 1.29. O “cântico de Moisés”: Ap 15.3-4.

Êxodo/Páscoa. Evoca esperança. Celebrada até hoje pelos judeus, povo que venceu as perseguições e o holocausto.

O livro do Êxodo como nomes ““ A identidade dos libertos

Nomes evocam rosto, gente. Êxodo evoca o sonho da libertação. A triste história atual: gente sem rosto, sem nomes.

Ora, é sabido que os nomes valem muito. Casos há em que valem tudo.

De um ou de outro modo, a influência dos nomes é certa.

(Machado de Assis ““ A Semana – 10 de janeiro de 1897).

No êxodo, pessoas tem Nomes: 1.1-5. Mesmo aquelas que não são mencionadas aqui em 1.1-5, tem nomes: Léia, Raquel, Bila e Zilpa (confira Gn 35.23-26). A sequência dos nomes nesses primeiros versos de Êxodo homenageia as mães, mesmo sem mencioná-las.

Conquistar é tirar nomes, é desconfigurar as identidades. Mas êxodo são nomes, pessoas: Sifrá e Puá, “Moisés”, tirado das águas, Gérson, Miriã, Jetro. Em contrapartida, o faraó opressor não tem nome.

O nome evoca identidade e particularidade. Como seria o mundo se não existissem nomes?

Abrão ““ Abraão. Jacó ““ Israel (“filhos de Israel” descendem do homem que teve a identidade mudada por Deus!). Sarai ““ Sara.

Deus chama pelo nome: Êx 3.4. Cria uma identidade libertária.

Mas há também um Nome: o nome do Senhor, o Deus libertador (Êx 3.13-14). “Eu Sou o que Sou”, ou “Aconteço como o que Acontece”, ou “Eu Sou o Deus que faz Acontecer”. É o “Deus do pai” (3.6), “dos pais” (3.15). Ele é o “Deus Todo-Poderoso” (6.3).

Este Nome Poderoso deve ser anunciado em toda a terra: 9.16. O “Senhor é o seu nome” (15.3). Não se pode falar do Nome sem a consciência de quem Ele é: 20.7.

Ele é o “Deus dos hebreus” (3.18). O Deus Libertador identifica-se com os escravos hebreus. É o Deus que “experimenta” o sofrimento dos oprimidos: 2.25. Deus se apresenta como o Deus “que te tirei da terra do Egito, da casa da escravidão” (Êx 20.2).

Ele é o Deus que coloca sobre nós o Nome que está acima de todo o nome. Ele compartilha conosco o seu Nome e concede-nos um nome.

Portanto, o nome evoca identidade e particularidade. O nome diz respeito a você. Se só existisse você no mundo, ainda assim Deus enviaria Seu Filho para morrer por você.

Mas, nesses primeiros versos de Êxodo, lemos um conjunto de nomes. Êxodo fala de nomes (plural). O nome evoca uma identidade particular. Mas Êxodo agrupa nomes. Cada nome relaciona-se a um coletivo. Há laços familiares que ligam um nome ao outro. E todos os nomes são unidos por um único nome: “filhos de Israel”. É a comunidade exodal. É a comunidade exodal.

A páscoa cristã também surge numa comunidade. í€ mesa, 12 homens e o Mestre. O embrião da comunidade cristã. Deus quer abençoar você numa coletividade, no Corpo de Cristo.

 

Fotos: PG Jovem Vida Nova

PG Jovem

Ser cristão é coisa séria

“Vivenciando a Palavra de Deus”

Fotos: Ministério Infantil

Fotos do Ministério Infantil

Fotos: UniJovem

UniJovem Vida Nova.

“Chamados para fazer a diferença”